quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O PAI TIRANO


Assisti esta semana a uma entrevista televisiva com Eduardo Sá. Sempre que o ouvira anteriormente, nunca fora gerador de empatias. No programa “Há Conversa”, o psicólogo discorreu, como seria de esperar, sobre o acto de educar crianças. Mas por tudo o que vou lendo e ouvindo, a principal tarefa dos dias hoje parece ser educar… os pais. Os paradigmas estão a mudar rapidamente e diz-se existir uma “epidemia dos pais bonzinhos”. Aqueles que pretendem ser os melhores amigos dos filhos e que, frequentemente, lhes fazem as vontades isentando-se do papel de regulador. O importante para estes pais é que os filhos os vejam como uns porreiraços. No fundo porque confundem autoridade com autoritarismo. A existência de algumas regras foi aliás inserida nas três pedras basilares da educação nomeadas pelo especialista:

1) Colo. Dar muito colo, muito carinho, no sentido de que dar afectividade aos filhos nunca é demais.
2) Autoridade (q.b.). No sentido de que é necessário aos pais estipularem algumas regras a cumprir pelos filhos, facto que não os transforma em pessoas autoritárias.
3) Autonomia. No sentido de preparar as crianças para se tornarem independentes e responsáveis.

Embora a entrevistadora tenha desaproveitado parcialmente o convidado (através de perguntas-monólogo longas e demasiado coladas aos próprios pré-conceitos e experiências), Eduardo Sá conseguiu passar mensagens contundentes, como a necessidade de as escolas estarem obrigadas a alterar programas e conceitos, por forma a cativar os alunos. Queixou-se da carga semanal de trabalho das crianças, que excede as míticas 40 horas que os adultos tanto almejam. As crianças crescem com 10 minutos de recreio entre aulas de 90 minutos, salientou. Após o longo dia de aulas, ainda gastam mais horas em actividades como explicações ou os famosos trabalhos de casa. Ou seja, estamos a criar adultos em idade de criança. Que tempo sobra para brincarem ou passarem um tempo relaxado com a família?

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