quinta-feira, 22 de outubro de 2009

BÉBÉ BIBLIOTECÁRIA

A Maria aponta. Isto, aquilo e aqueloutro, com o dedo esticado. Acho que dorme assim, com o indicador em riste (e o polegar na boca). Dá preferência a livros. Passa minutos e minutos a olhar para as figuras de animais, seja da quinta, do campo, do mar ou da selva. Aponta, comenta guturalmente, vira e revira as páginas. O interesse é tal que os nossos amigos belgas, quando pensaram em oferecer-lhe uma prenda, optaram por mais um livro. Agora são quatro as leituras de cabeceira da Maria. Mesmo os mais antigos não deixam de lhe captar a atenção. O primordial é colorido e de material maleável. Faz barulho quando se mexem nas folhas que enquadram o leão, o macaco, o elefante, o pássaro (piu-piu), o gato, o cão, o cavalo. O nome dos bichos é acompanhado dos respectivos sons [perguntam como faz o elefante? Ora, é uuuuoooooooóóóó, não é?]. Depois veio um livro de cartão com a bicharada do campo, das lagartas e minhocas às borboletas e libelinhas. Gosta particularmente da lesma e do caracol, sempre acompanhado da cantilena “caracol, caracol, põe os pauzinhos ao sol!”. Aqui não há sons, excepto para o mosquito. Zzzzzzzzzzzzz. Da mesma colecção, a prenda belga mostra a vida na quinta. Voltam os sons para a vaca-muuuuuuuuuu, o porco-óinc, o burro-ióóó, o peru glu-glu-glu, o pato quá-quá. O senhor agricultor não fala. Só se ouve o barulho do tractor. O livro do banho é aquele em que mais se aponta. Cada página tem muito que ver. Constantes, um polvo e a água. Juntam-se peixinhos, estrela-do-mar, barco à vela, piu-pius, bola…
Passo a passo, os animais começam a ser reconhecidos. “Onde está o polvo, filha?” Às vezes aponta, outras vezes não. “Está ali”, ajudam os pais quando necessário. No outro dia, no livro da quinta, pareceu-me que ela reconheceu mais um. “Onde está o burrinho, filha?” E ela logo, tão linda, de dedo espetado a indicar o papá…

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