quarta-feira, 7 de outubro de 2009

PARADIGMA DO NOVO-PAI


Os tios Ricky e Tita casaram. A Maria esteve lá, a espreitar para a salinha da conservatória em que se assinavam nomes e trocavam alianças. Depois posou para as fotografias da praxe. Jantou comida de frasco pela primeira vez na vida no restaurante do copo de água. Brincou, riu, chorou, dormiu ao longo da tarde-noite. Ela e outras bebés praticamente da mesma idade. Uma delas, a Clarinha, até “cantou” karaoke. Microfone na mão em pose de estrela de rock.
Entre a barafunda benigna do casório surgiu uma imagem colectiva inusitada. Um paradigma dos novos tempos parentais. As bebés mais pequenas tinham em redor não só a mãe, como sempre foi e será regra, mas também os pais. E os tios. E os amigos. Há uma nova geração de homens que não se limita a transportar os bebés e as crianças daqui para ali. Também dança e canta com eles, troca-lhes as fraldas (ou ajuda a trocar…), embala o carrinho, dá-lhes de comer. Há um lado maternal a despontar em cada pai. Há uma geração de crianças a ser criada com novas regras do afecto. Dificilmente assistiríamos a este quadro unânime de amor paternal – exteriorizado sem ponta de vergonha num abraço aconchegado, num sorriso emocionado, num beijo apaixonado –, num casamento ou qualquer outra manifestação pública de há 30 ou 40 anos.
No dia em que os tios Ricky e Tita casaram, confirmou-se a existência do famoso conflito de gerações. Os novos pais que gravitam na geração dos trinta anos, nada têm a ver com a geração dos próprios pais, residentes nas casas dos cinquenta ou sessenta anos. Agora, os filhos não têm de mendigar afecto. Os mimos chegam-lhes de forma espontânea e benévola, oriundos das eternas mães mas também dos "novos" pais, distantes da figura fria e inalcançável que reinou no passado.
Acreditemos que esta mudança profunda terá consequências individuais em cada um dos nossos filhos e efeitos colectivos numa sociedade formada por pessoas mais amadas. Mas preparemo-nos para que o conflito de gerações se renove constantemente, adoptando novos formatos. Não será de admirar que um dia eles nos digam: “Ah, mas TU estragaste-me com mimos!”
Corremos sempre o risco de quando os nossos filhos forem “grandes” acharem que nós não fomos os melhores pais. Ainda assim, estragado por estragado, parece-me preferível apostar no novo paradigma vigente em detrimento do velho modelo paternal. É que esse já foi testado até à exaustão, com resultados maioritariamente insatisfatórios.
Por isso caros papás, vão lá dar mais uma dose de carinho “em excesso”. Ficam desde já desculpados.

6 comentários:

Party Girl disse...

Muito bom... mas sabes o meu é da geração dos 60, mas por incrível que pareça já nos passou esses ditos afectos que agora são muito mais visíveis... E conflito de gerações, pois, esse sempre haverá. Eu mesmo digo que a B. só vai sair à noite a partir dos 21 (ahahah... brincadeirinha!).

Paulo M. Morais disse...

Ainda bem que há excepções! Mas acho que a generalidade dos pais das gerações mais antigas não sabia como mostrar a afectividade aos filhos.

Quanto a essa dos 21. E no Pai Natal também ainda acreditas? ;-) Eu estou a preparar-me para aos 15 anos a Maria dar-me a entender que quer um apartamento só para ela. (Mas não o vai ter! eheheh)

Anónimo disse...

Gostei muito de estar com vocês no casamento do mano! De facto espero esta nova geração de babys tão amada pelos "novos pais" seja melhor do que a nossa, menos recalcada e mais feliz. Um beijinho para todos especialmente para a linda Maria.

Xana

PS - A CLarinha continua a cantar...

Paulo M. Morais disse...

Xana

Já lhe compraste um microfone? ;-)

Beijos
PMM

Anónimo disse...

Ágata, quê?!!! O que está a dar é Clarinha Márlene!!!

Um beijão para a sobrinhada toda!!! Dos tios Ricky e Tita

Anónimo disse...

A Clarinha e a Maria são duas lindas princesas e eu acho que não há mimos em excesso eu estou na casa dos 50 e tal e gosto de estragar com mimos.Os tios delas que se preparem pois vamos estragar os netos a vir com mimos e as lindas sobrinhas sempre que nos permitirem.Beijos dos tios Bia e Luis