segunda-feira, 14 de setembro de 2009

S.O.S. AEROSSOL


Após quase dois meses, já me tinha esquecido do que é acordar de madrugada com a Maria a tossir e com o nariz entupido. É a factura a pagar do regresso ao infantário. Estremunhado, iniciei juntamente com a AV o processo de montar a máquina, colocar a Maria no carrinho e enviar-lhe fumo para a cara. Fez uma expressão que parecia de reconhecimento perante a primeira fumaça. Disse umas frases, do mesmo estilo que costuma dizer quando lhe ponho à frente a ursinha Dada, ou o urso branco, ou o sapo verde (este é outro diferente do sapo Luigi), para ela relatar o dia passado antes de adormecer.
Nesses momentos, a expressão facial da Maria corporiza o sentimento da alegria. Pura e sincera. Nas últimas semanas, entre muitas outras coisas, este tem sido o momento que mais me satisfaz. Primeiro, aqueles segundos eternizados em que ela observa quieta o boneco que lhe mostro à distância enquanto digo "Já viste quem está aqui?". E depois a explosão num êxtase: estende os braços, rasga um sorriso profundo e acolhe o peluche quase com uma cantoria.
Ontem, apesar de serem cinco da madrugada, a Maria fez a mesma expressão perante os aerossóis. Depois brincou com os jactos de fumo enquanto tossia volta e meia. Acabada a terapêutica, deitei-me no sofá enquanto embalava o carrinho. Liguei a televisão e coloquei baixinho o canal de música clássica. Ela abraçou-se à fronha, colocou o polegar na boca e eu pousei os óculos em cima do pufe. Acordámos os dois, manhã feita, ao agradável som da voz da AV.
Será heresia afirmar que já tinha saudades dos aerossóis? Agora a ver se não abusamos, filhota, que da última vez a "brincadeira" envolveu três sessões diárias. Temos de resistir às dependências, não é?

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