terça-feira, 28 de julho de 2009

CANTILENAS DE DORMIR


Nos primeiros meses da Maria, houve duas cantilenas que utilizámos com abundância para a serenar e adormecer. Diga-se que umas vezes com mais sucesso do que outras. Eu recorri a uma recordação de infância, com as devidas adaptações. A minha avó cantava-me assim:

Ó Niquinho vai-te embora
Sai de cima do telhado
Deixa o Paulinho fazer
Um soninho descansado

Niquinho era a abreviatura do meu gato preto Niki. Como agora não há felinos cá em casa – à excepção do miar fingido da mãe e do pai – a nova versão recorre ao generalista gatinho. De vez em quando, talvez por um saudosismo subconsciente, saia-me um “Vai para cima do telhado”, o que significaria que o gatinho andava cá por casa. No remix 2009 também não há lugar ao diminutivo no nome. Já me basta a luta acesa que tenho contra o “coitadinha” que de vez em quando surge. Coitadinha porquê? Curiosamente, descobri depois um CD em que a Sara Tavares canta “Vai-te embora ó papão / Do alto desse telhado / Deixa dormir a Matita / Um soninho descansado”.
A outra canção a que recorremos veio da tia Tita. Nunca a conseguimos decorar de forma correcta e parece-me que a Maria acabou por ouvir, pelo menos por parte do pai, uma versão alternativa:

Um peixinho, vermelhinho
Nada, dança, no laguinho
Sobe e desce, sem parar
Para ver alguém chegar

Não tem medo, o peixinho
Porque sabe o seu segredo
Que no fundo do laguinho
Ele é sempre um peixinho

Que no fundo do laguinho
Ele é sempre um peixinho

Da experiência acumulada, acabei por utilizar o Peixinho para acalmar e o Gatinho para adormecer. Mesmo com o risco de um comer o outro, confesso que houve vezes em que as intercalei. Mas mesmo hoje em dia, não há nada como o Breathless do Nick Cave para acabar com o choro e meter um sorriso na Maria. E pergunto-me se isso não terá a ver com termos assistido ao concerto do homem com a bebé ainda na barriga da mãe.

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