segunda-feira, 13 de julho de 2009

MANOBRAR COM REGRAS

Nas contas de motivos para vingança quando crescer, a Maria já tem uma folha rascunhada em relação ao papá. Assim por alto, inclui pelo menos três blusinhas vestidas ao contrário (“oh filha, mas os botões também ficavam muito bem para trás!”) e um esquecimento de creme no rabinho (“mas foi limpo, foi limpo!”). Mas o que mais incomoda a pequena vampirazinha são os ataques solares de que é alvo.
Não há pior do que ela ir a passear no carrinho, à sombra dos prédios, e de repente ser incomodada por um raio solar, ao atravessar a rua, porque o pai não teve tempo de puxar a capota a tempo. Depois de se mostrar incomodada, mete o olhar fulminante número quatro e até me parece que surgem dois caninos salientes no lugar dos dentes que ainda não tem.
Falhei e ela está pronta para me morder (só com as gengivas, felizmente). Concluo que é melhor passar o comando do carrinho para a mãe. A mudança tem efeitos colaterais, como paragens em frente de montras que só devem servir para estimular o consumismo do bebé. Enquanto espero a cinco metros de distância para não ser contaminado pelo vírus da loja, percebo que junto às instruções de operação dos carrinhos devia passar a vir um Código da Estrada para a Condução de Carrinhos de Bebé. Pela minha parte, o código Maria teria de incluir estas regras.

1 – Evitar choques luminosos sol/sombra no caso de filhos vampirescos
2 – Proibido parar o carrinho de frente para montras de lojas
3 – Saber destrinçar rapidamente quando fugir das velhinhas que se aproximam a dizer “Que lindo bebé!” (só porque está vestido de azul), pretexto para depois ficarem a conversar meia hora sobre os filhos crescidos que têm.

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