quarta-feira, 15 de julho de 2009

NOITES SANTAS

Na fila do supermercado, vindo de alguém atrás de mim.
- Então, vou precisar de te bater para passar à frente?
Calma, eu conheço-o.
- Tudo bem? Como vai isso?
Conversa disto e daquilo, como estás, o que fazes...
- E a tua filha, como vai?
- Tudo óptimo, uma tosse aqui, outra acolá.
- E deixa-vos dormir?
Explico que a Maria, por enquanto, vem com o chip correcto. Adormece por volta das 22 ou 23 e só acorda no dia seguinte, geralmente por volta das oito da manhã.
- Ah, mas isso pode mudar a qualquer momento.
Sempre que digo que a Maria geralmente dorme bem, recebo como resposta habitual um “Que sorte!!!”, num tom onde até pode constar uma certa inveja. Desta vez fico esclarecido que o estado de graça pode esfumar-se de um momento para o outro. Agradeço a atenção.
Se calhar, em vez de dizer que dorme a noite toda bem, vou mudar de estratégia.
- Uma chatice. Pelo menos levantamo-nos de noite entre uma a três vezes, com ela a tossir, ou com a chorar com um pesadelo ou para ver se, como sempre, se atravessou na cama destapando o corpo.
No fundo, nada disto é mentira. É apenas uma questão de... prisma de visão?

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