segunda-feira, 22 de junho de 2009

OVO DE COLOMBO

O ponto alto deste fim-de-semana foi proporcionado pela visita familiar que trouxe até à Maria a companhia da prima que está quase com cinco anos. Está claro que as duas ainda não brincam juntas pelo que tenho de fazer as honras da casa. E é assim que entre as actividades mais normais – saltos e correrias, ataques de cócegas – dou por mim a entrar numa sala cheia de adultos, imitando um pinto, com os braços arqueados como se fosse um coelhinho (mas porquê? que têm os coelhos a ver com os pintos?!) e os joelhos flectidos. À minha frente, segue uma galinha menor do que eu. Entre os piu, piu, piu e os có-coro-có-có dou-me conta, lentamente, do possível ridículo da situação. Mantenho-me fiel à personagem até ir ao fundo do quarto e voltar, de regresso à nossa capoeira secreta. A meio do caminho, a galinha vira-se para mim e diz:

- Pronto, agora não vamos fazer mais isto!

Fico especado alguns segundos com o corpo dobrado, sem saber bem o que fazer. Pareço um pintainho perdido num mar de dúvidas existenciais até retomar a consciência humana e ir atrás da menina de cinco anos que já não tem nada de galinácea.
De noite, já novamente com a casa mais vazia, ponho-me a pensar na minha incursão avícola vespertina. Concluo que para brincar com crianças às vezes precisamos de perder o medo de parecer ridículos. Rejeitar a compostura séria dos adultos para podermos regressar – nem que seja momentaneamente – ao mundo do faz-de-conta, onde tudo é possível e nada parece... infantil. Ainda assim, felizmente que não me pediram para pôr ovos.

2 comentários:

SA disse...

O mundo animal é fascinante! Eu faço constantemente de cão ruidoso. E torna-se tão viciante que, com crianças fora, às vezes dou por mim com uma vontade de ladrar... e morder!

Paulo M. Morais disse...

Ah sim... olha... então... se por acaso quando andares por aqui tiveres vontade de morder, devo avisar que este blogue tem açaimes para emprestar! :-)